Maria Barroso

A propósito do desaparecimento de Maria Barroso, deixei este comentário no Duas ou Três Coisas:

Senhora de grande coragem e grande cultura. Recordo-me da primeira vez (e única) que a vi. Estávamos em plena crise académica em Coimbra em 1969. Tempos difíceis, apesar da "abertura marcelista". Contavam-se pelos dedos os que tinham a coragem de publicamente manifestar solidariedade à luta dos estudantes. Professores foram poucos: Paulo Quintela e Orlando de Carvalho. Maria Barroso, juntamente com Tóssan, teve essa coragem. Numa das muitas assembleias gerais que se realizaram no enorme ginásio da A.A.C., a abarrotar de "malta" (eu pendurado num dos espaldares), esteve presente para manifestar a sua solidariedade e a “de outros que ali não podiam estar", como referiu na altura. Disse dois poemas com o seu timbre inconfundível e a sua irrepreensível dicção: Nossa Senhora da Apresentação de Álvaro Feijó e Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, mais conhecido por A las Cinco em Punto de la Tarde, de Garcia-Lorca. Inolvidável. O meu pesar pela sua morte. Que descanse em paz.