tag:blogger.com,1999:blog-359894922024-03-23T17:44:30.702+00:00Avulso & ao Calhasmsampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-28629082801449298202016-05-03T17:45:00.000+01:002016-05-03T17:45:10.582+01:00Músicas do meu tempo - Andorinha Preta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/bPnIdvCPL4k/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/bPnIdvCPL4k?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #b45f06;">Nat King Cole e o trio brasileiro Irikitan</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Nat King Cole tinha, em minha opinião, uma das melhores vozes de sempre. Chamavam-lhe a "garganta de prata". Veio, curiosamente, a morrer com um câncro na garganta em 1965. Tinha uma dicção irreprensível e um timbre único. Cantava em inglês, naturalmente, mas celebrizou-se igualmente a cantar em espanhol (e em portugês) com um sotaque muito doce e peculiar. Quem não se lembra dos irmortais temas românticos "Quizás, Quizás, Quizás" ou "Ansiedad" , ou ainda, em inglês, o inesquecível "Unforgettable", ou "Mona Lisa".</span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Este tema brasileiro é interessante: tem um refrão que é repetido sincopadamente pelo trio até à exaustão (dezasseis vezes): "eu tinha uma andorinha que me fugiu da gaiola", e o pequeno corpo da letra</span><span style="color: #b45f06;"> é </span><span style="color: #b45f06;">admiravelmente</span><span style="color: #b45f06;"> </span><span style="color: #b45f06;">cantado em inglês pelo Cole: </span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;"><span style="color: black; font-family: "arial";"><span style="color: #b45f06; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Fly my Brazilian love bird
/ Fly to the one I love /
Please won't you tell her that I'm the one who cares /
Please bring to me her answer</span>
</span></span><br />
<span style="font-family: "arial";"></span><br />
<span style="color: #b45f06; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Que é uma tradução bem livre do poema original</span><br />
<br />
<span style="color: #b45f06;">Vai, andorinha preta,<br />De asa arrepiada,<br />Vai, vai dormir teu sono andorinha, ô<br />Que é de madrugada.</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Ai tanta coisa não devia se fazer<br />Tantas vezes as gente chora<br />Por deixar seu bem querer<br />Minha cabocla foi-se embora do sertão<br />Fez que nem as andorinhas<br />Foi buscar outro verão.</span><br />
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;">Ora, oiçam-no.</span><br />
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-10815533462189358662016-03-13T09:21:00.000+00:002016-03-30T22:10:48.056+01:00Grandes canções<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/Q3Kvu6Kgp88/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/Q3Kvu6Kgp88?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">“Non, je ne regrette rien”. </span>A mais
popular das canções de Edit Piaff. Cantava-a com uma força inigualável, vinda
das entranhas. Quem a ouvia ao vivo ou em gira-discos, ou quem hoje a ouve em
vinil (perdão, em CD – mas a verdade é que tenho uma certa aversão em usar siglas e, além do mais, o termo vinil é, hoje, mais "literário" do que o uso daquela
sigla…) com toda aquela força dramática, repetindo “não, não lamento nada”, facilmente
será levado a crer que Piaff, esse enorme vulto da canção francesa, na
realidade, não lastimava nada do que fora a sua vida: Ni le bien, qu'on m'a
fait/Ni le mal, tout ça m'est bien égal! Nem o bom que desfrutou, nem o mau por
que passou. Terá sido mesmo assim? Não terá Edit Piaff lamentado nada, mesmo
nada, do que fez na vida? Não estou certo disso. Quem cantava com aquela
amargura, quase raiva, decerto muito penou e algumas penas gostaria de ter
evitado. Hoje, é comum ouvir-se, desde políticos ou personalidades relevantes
ao mais comum dos mortais, que não lamentam nenhuma das suas opções de vida ou
nenhum dos erros que cometeram. Que se voltassem atrás, repetiriam tudo o que
fizeram. Soa bem. Nem sentimentos de culpa, nem arrependimentos, nem, tão
pouco, interrogações. Estão todos na onda. Como os invejo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #b45f06;">“Erros meus, má fortuna...”</span> <o:p></o:p></div>
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-84432729901139971112016-03-09T10:32:00.000+00:002018-01-29T12:09:38.441+00:00Fotos da minha vida (o que fiz as estes meus cabelos?)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAVSIDf54W3JUUpXd0pEbJW7679FII7vEFmOAzm_qONzGOKrGrILkZWvJp6Z39K37e0KSHgnVQ-FoZIcW9d9gf5fHGoXx-_Nkld-UjOSB1ZTHLuap54PWd71uWoTgSGA-alUx3Aw/s1600/D1000004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAVSIDf54W3JUUpXd0pEbJW7679FII7vEFmOAzm_qONzGOKrGrILkZWvJp6Z39K37e0KSHgnVQ-FoZIcW9d9gf5fHGoXx-_Nkld-UjOSB1ZTHLuap54PWd71uWoTgSGA-alUx3Aw/s640/D1000004.JPG" width="428" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">No caminho entre Benguela e a Catumbela, no quilómetro vinte sete, contados a partir do Lobito, ficava a praia do... Vinte Sete. Tinha um pequeno pavilhão coberto, mas aberto, que servira de suporte a uma antiga pescaria. Creio que, como praia, só era frequentada pela minha família e uns vizinhos nossos da rua Monsenhor Kelling em Benguela. Nunca vi lá ninguem. Aproveitávamo-nos da cobertura para a minha mãe (Dúlia) cozinhar uma bela caldeirada de cabrito ou de peixe com muito jindungo e para estender o restante farnel que levávamos para o dia de praia. Antes da caldeirada esgotávamos as energias em mergulhos naquelas águas quentes do Atlântico ou na apanha fácil das "quitetas" (cadelinhas). Depois do repasto seguia-se a inevitável sesta que o abrasador calor das Áfricas aconselhava e, mais à tardinha, de novo os mergulhos e braçadas pela praia, evitando as alforrecas que por ali, e àquela hora, davam à costa. E assim se passava um Domingo. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Como se pode constatar pela foto, era fartos os meu cabelos. Orgulhava-me deles. Gostava das ondas largas que eles faziam. Podia andar todo sujo, ou até mal vestido, mas os meus cabelos andavam sempre penteados. Tratava-os com desvelo. O pente, sempre no bolso detrás dos calções, prontinho e solícito, a ser usado. Nesta época, não eram ainda os cabelos compridos, quase sobre os ombros, dos Beatles que marcavam a moda. Imperavam ainda os cabelos ao jeito do Elvis Preley, penteados para trás, com "poupa" e brilhantina. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Tal era a minha vaidade no cabelo que um dia, dois anos depois, se tanto, desta foto, o meu pai, de feitio austero e severo, para me castigar de uma grave malandrice, no entender dele, que eu fizera, não encontrou melhor forma de me castigar do que, para além da inevitável tareia, mandar-me ao Zé Maria, barbeiro, rapar aqueles meus cabelos à maquina zero! Foi um golpe duríssimo! O meu cabelo nunca mais foi o mesmo. Renasceu, claro, mas com ondas mais curtas e encrespadas. Quando, finalmente, irromperam, gloriosos, os cabelos compridos, à Beatles, o jeito encrespado que os meus, entretanto, ganharam com a "tosquia", já não me permitiam deixá-los crescer. Doeu-me. Muito.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-2416502198272145722016-03-06T08:27:00.000+00:002016-03-09T10:34:37.537+00:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf6MHZ7JkS8PQcbIrB-uiIkpxdFGpulRc66T1KhyphenhyphenqGUQco5wDFWluYU46qBZNT8pGwCACjVroPp-B8Ov3cEp1t7YkdyHcbagH6vHsWk9EdkaWVlj1L2ErtBGzP7pPmjlsQ7-mQfA/s1600/sporting+Benfica+2016.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf6MHZ7JkS8PQcbIrB-uiIkpxdFGpulRc66T1KhyphenhyphenqGUQco5wDFWluYU46qBZNT8pGwCACjVroPp-B8Ov3cEp1t7YkdyHcbagH6vHsWk9EdkaWVlj1L2ErtBGzP7pPmjlsQ7-mQfA/s400/sporting+Benfica+2016.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Quando o Benfica ganha ao Sporting até as gotas da chuva brilham como brilham os raios de Sol! Há noites perfeitas e luminosas!</span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-39634584479536891532016-03-01T16:50:00.000+00:002016-03-01T17:29:00.649+00:00Luminosidades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimdRv79V0aZSJD5eaugHUWTeqLUyk3AwDYmUhphtqFW13KDIq9DK8AaKvHhHnolPRdN9hKtZHYwhQYGj9633KoDaB0saEkIKQA3HOpiBzEbzAmUM3JMYwx4qiIqlaGq0S7S-c8Sw/s1600/JONAS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimdRv79V0aZSJD5eaugHUWTeqLUyk3AwDYmUhphtqFW13KDIq9DK8AaKvHhHnolPRdN9hKtZHYwhQYGj9633KoDaB0saEkIKQA3HOpiBzEbzAmUM3JMYwx4qiIqlaGq0S7S-c8Sw/s400/JONAS.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Quando o Benfica ganha e o Sporting
perde (ou o Porto, ou, melhor ainda, os dois juntos...) até os raios de luz que
inundam a cidade ganham uma outra luminosidade. Uma outra luz.</span> </div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-35617167325217049562016-02-28T22:22:00.000+00:002018-01-29T12:16:50.783+00:00Um jantar muito especial<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbqgbycVpwyphMrgznTTQBkW5uOcgXVpWzJbUD63yVTez6sUco9aYKaODUjcw9U84MQiJ2PbdPsopZllbM6bFSmYc0GjDo3RIaVfzPpk5zzpE4gRyeeLv1F4jSRguLFJwHOTStXA/s1600/IMG_20160226_210124+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbqgbycVpwyphMrgznTTQBkW5uOcgXVpWzJbUD63yVTez6sUco9aYKaODUjcw9U84MQiJ2PbdPsopZllbM6bFSmYc0GjDo3RIaVfzPpk5zzpE4gRyeeLv1F4jSRguLFJwHOTStXA/s640/IMG_20160226_210124+%25282%2529.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;">Anteontem, 26 de Fevereiro, reuni num jantar amigos meus, de longa data, todos da faculdade de Medicina de Luanda, alguns já o eram da infância, mas todos amigos de sempre e para a vida. O motivo último foi uma intrusa visita de um de "bicharoco" que, sem pedir licença, me entrou pela porta adentro, "instalou-se" e não sairá desta "minha casa" sem uma luta persistente minha e, acima de tudo, da medicina (a nossa, a científica <span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 107%;">– </span><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">dizer </span></span>isto é uma redundância, porque só há uma medicina que é esta, a da ciência), "guiada" pela mão invisível de um Deus em quem acreditei desde a infância e a quem abandonei durante muitos anos (anos do incontornável materialismo dialéctico) e em quem voltei acreditar (ainda que, por vezes, as dúvidas não deixem de me assaltar, e que espero que Ele mas perdoe). Quem ganhará esta luta?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Foi um belo jantar e como não podia deixar de ser, pedi a palavra para dizer umas poucas que tinha previamente alinhavadas em papel. Não li o papel (esqueci-me dele no carro), mas disse, mais menos que mais, o que estava </span><span style="color: #b45f06;">escrito </span><span style="color: #b45f06;">no papel. Aqui ficam registadas, agora, as que manuscrevi:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">"Meus caros, </span><br />
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;">Mais ou menos metade deste grupo costuma reunir-se mais ou menos uma vez por ano num jantar bem comido e melhor bebido em casa de um de nós. Nestes últimos anos tem sido em casa do Zé Graça, se bem se lembram o nosso "mulato de Paris" e que, como podem assegurar-se pela amostra, continua elegantíssimo como um verdadeiro parisiense! Depois do jantar segue-se inevitavelmente uma "lerpada" das antigas que era o que fazíamos quase todas as noites naquela sala do fundo do célebre e bem nosso conhecido Convívio da faculdade, onde, se bem se lembram, eu dormia umas "gandas" sonecas naqueles confortáveis sofás. Lembro-vos que esta nossa tertúlia tem o nome (e chegou a ter estatuto escrito e rigoroso e que o Géo fez "o favor" de o perder) do nosso muito querido, inesquecível e malogrado colega Aníbal Fernandes que sabiamente chamava àquelas nossas noitadas </span><span style="color: #b45f06;">(e a outras...) </span><span style="color: #b45f06;">"noites sem Deus".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Desta vez e aproveitando uma vinda do Jójó a Lisboa e que sugeriu desde logo um jantar, resolvemos organizar então o primeiro jantar deste ano e dada a minha doença tomámos a iniciativa de o alagar aos restantes colegas e amigos que estão agora, com muita satisfação nossa, aqui presentes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Quero agradecer a presença de todos e o esforço que fizeram para estarem presentes, em particular, se me permitem, à Miki, que à partida não tinha qualquer disponibilidade para vir do Algarve, mas logo que lhe falei da minha doença se dispôs de imediato a vir. Obrigado Miki. À Julieta que, pela mesma razão, logrou esquivar-se a um "rapto" que a levava de regresso a Viseu mal acabasse um congresso onde estava. Obrigado Julieta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Quero, agora, agradecer o apoio que todos, todos, me deram logo que receberam com estupefacção a notícia que me tinha sido diagnosticado um tumor na cabeça: as visitas que me fizeram no IPO, os inúmeros telefonemas, as constantes mensagens. Não imaginam quão importante foi este vosso apoio naquela fase complicada das duas biópsias que tive que fazer, dado que na primeira a amostra se revelou inconclusiva e a segunda correu mal, com hemorragia do próprio tumor, havendo de novo o risco de a amostra se mostrar inconclusiva. E aqui, se me permitem, quero relevar o papel do Borges, o nosso "GT", que na sua tentativa de apressar o diagnóstico da anatomia patológica do arranjou um "qui pro quo" ético com um colega. Mas a verdade é que o diagnóstico veio mais rápido do que veio o primeiro. Obrigado, meu caro Borges.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Eu sabia que teria sempre o vosso apoio, mas foi muito bom sentir no ombro o calor do vosso apoio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">A grande lição* que tiro desta doença, para além da grande prova de amizade que tive, é que na vida, o mais importante é saboreá-la. Saboreá-la com os amigos e com a família. Saboreá-los, e este é o termo exacto, como quem saboreia um bom vinho velho (campo em que o GT se tornou um mestre).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Por isso, e por fim, meus caros, proponho-vos que brindemos à VIDA e à nossa AMIZADE!"</span><br />
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8-SQb2OOv48_6UU15z6ZUNmj6M1eXxd5uzif-bBiZk_gcjd3hCPrfoOJRd78GcM1WaKRNBiQTSxZz88gvkTTjvm0yhhZdxiK1SM55RCaLPusc41bMSaE7I_oUeu_haSYmHUhzWA/s1600/IMG_20160226_214312.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8-SQb2OOv48_6UU15z6ZUNmj6M1eXxd5uzif-bBiZk_gcjd3hCPrfoOJRd78GcM1WaKRNBiQTSxZz88gvkTTjvm0yhhZdxiK1SM55RCaLPusc41bMSaE7I_oUeu_haSYmHUhzWA/s640/IMG_20160226_214312.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;">* Não entendo as pessoas que sendo amigas, ou tendo sido amigas de anos e anos, e que uma pequena zanga, ou mesmo grande que fosse, as tenha afastado, perante situações de doença desta natureza não sejam capazes de ultrapassar a desavença e ter um pequeno um gesto</span><span style="font-size: xx-small;"> </span><span style="font-size: xx-small;"> de apoio, qualquer que seja (mesmo por intermédio de um dos muitos amigos em comum). Só revelam e relevam a sua pequenez. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-90109528333009657872016-02-20T13:09:00.001+00:002016-02-29T12:38:23.005+00:00Uma estadia e duas historietas sem grande história<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">A cidade era Benguela. De nome
inteiro: Cidade de S. Filipe de Benguela. O Hotel era o Tamariz. Ficava mais ou
menos a meio da avenida principal – a 5 de Outubro – que desaguava na Praia
Morena junto da estátua do fundador da cidade, sem antes ter deixado para trás um
dos mais belos e antigos edifícios da cidade – a Escola Comercial, o antigo
Cabo Submarino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Ligeiramente recuado, o Tamariz fazia esquina.
Do lado da principal avenida da cidade, com a casa Costa Júnior – uma casa de modas
que ostentava com orgulho o título de casa comercial mais antiga da cidade,
criada em 1889, segundo rezava uma tabuleta que encimava a frontaria principal do edifício – do outro lado rua, com o austero, sólido, e relativamente
recente edifício cor de tijolo, do Banco de Angola.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">Antigo, modesto, térreo, todo
caiado de branco e bordado por único alpendre, amplo, fresco, que o circundava
de um lado a outro, o Tamariz era uma construção antiga e com uma traça
marcadamente colonial, provavelmente dos finais do século XIX ou do dealbar do século XX. O chão dos quartos
de dormir era de cimento, chamado de branco (em contraposição com o cimento
vermelho, mais fino e polido), mas que na realidade era mais acinzentado do que branco. Era um material comum, que se usava na época e em todas as
casas, e que possuía a vantagem nada desprezível naquelas paragens africanas de as tornar mais frescas amenizando o tórrido calor. Aquele chão do Hotel Tamariz já dava evidentes sinais de desgaste. Era
irregular e as rachas, provocadas pela erosão tempo e pelas leis mais comezinhas da
física, como a da "dilatação dos corpos", espalhavam-se irregularmente como metástases
por toda a superfície. A água canalizada, se é que havia, não era uma
característica comum a todos os aposentos. No que a mim e aos meus companheiros
nos coube, esse sortilégio era substituído, com graça, por uma lavatório esmaltado
de branco, já lascado nalguns pontos, assente sobre uma estrutura desenhada em
ferro e pintada de um castanho-ferrugem. De um dos lados do bordão caía,
pendurada, a tolha de rosto, branca e lavada e que parecia não perder nunca o cheiro
ao ferro que a engomara. Ao lado, repousava no chão o jarro, igualmente esmaltado de
branco, com o qual, para cumprirmos a higiene matinal, chegávamos a água à bacia superior – a “idade do plástico" não tinha
ainda, felizmente, despontado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGYK2DNq41TOn8v4ZorEjpUpGkMGtYl-mA4tmJ5HQ8kt3_7HOVPD3gdc45B0u9JY8QIx6xSB-6iKOzRdx7hsZJWPx5H06ePaurUam1VIaunQj-j6ySljkTWFW0VanTmFJwE_ijuA/s1600/bacia+de+esmlate.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGYK2DNq41TOn8v4ZorEjpUpGkMGtYl-mA4tmJ5HQ8kt3_7HOVPD3gdc45B0u9JY8QIx6xSB-6iKOzRdx7hsZJWPx5H06ePaurUam1VIaunQj-j6ySljkTWFW0VanTmFJwE_ijuA/s400/bacia+de+esmlate.jpg" width="298" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">Sobre as camas, tombavam do
tecto majestosos mosquiteiros que além da utilidade óbvia de nos protegerem das
picadas dos mosquitos, emprestavam aos modestos quartos um certo ar de aposento
real. Eram bonitos os quartos (debaixo da cama, escondido, estava o inevitável
bacio, também de branco esmaltado, que nos precavia das necessidades
elementares). Sentíamo-nos uns pequenos reis.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
</div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdP8DfjnSMhtyWlDjPBygLxSsfD4gbILtonqc0M5Hrkxsp7iX8tb1dmmIXSLYjEbZmfGhjP35mblfJfmcTA34Lyu6vSH-e6JhyphenhyphenpKjiPS8B5btWi-cP3w_aQjLaQDydmbswzFEjjg/s1600/mosquiteiro-para-cama-de-casal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdP8DfjnSMhtyWlDjPBygLxSsfD4gbILtonqc0M5Hrkxsp7iX8tb1dmmIXSLYjEbZmfGhjP35mblfJfmcTA34Lyu6vSH-e6JhyphenhyphenpKjiPS8B5btWi-cP3w_aQjLaQDydmbswzFEjjg/s400/mosquiteiro-para-cama-de-casal.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Foram dias de encantamento. De
um encantamento indescritível. Para alguns de nós, se não todos, vindos do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mato</i>, era a primeira vez que estávamos numa
cidade – a histórica e bela capital do distrito! Benguela! E, como se não fora pouco, principescamente
hospedados num Hotel. Episódio que, também, nos acontecia pela primeira vez! <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Foi uma festa. Embora o motivo
da estadia tivesse sido um assunto bem sério.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Tínhamos acabado de concluir,
“com uma perna às costas”, como gostava de dizer a nossa professora, o exame da 4.ª classe na Escola Oficial da D.
Carmelina, no Cubal. Seguiam-se os inevitáveis exames, esses, sim, já com maior
grau de dificuldade, de admissão ao Liceu e à Escola Comercial e Industrial, escolas que
ficavam sedeadas exactamente em Benguela, cidade, hoje e desde sempre, sem dúvida, a
capital das minhas melhores memórias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">A viagem fora de combóio.
Combóio "Mala". Uma viagem inesquecível.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghxHQpn_Ysw_TXt5pUMC7xAsgCortvsQG3S9r23OwSgdeNFP-LG2nvIuc1P5dslp2kpBjGmqFub8PC914_WEqaQaDrARa1s3Me2Z3DMHUw3Ongn-Ds8IaDCH5hjlcErVhp7J4diw/s1600/CFB+COMBOIO.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghxHQpn_Ysw_TXt5pUMC7xAsgCortvsQG3S9r23OwSgdeNFP-LG2nvIuc1P5dslp2kpBjGmqFub8PC914_WEqaQaDrARa1s3Me2Z3DMHUw3Ongn-Ds8IaDCH5hjlcErVhp7J4diw/s640/CFB+COMBOIO.JPG" width="521" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">E </span><span style="color: #b45f06;">lá estávamos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Deslumbrados! Com o mar, que
nunca víramos! Com o azul do mar! Com o azul do mar da praia Morena – ponteada
de casuarinas. Com o “Porta-Aviões”! Com os prédios altos, com mais de um andar! As
ruas de alcatrão, animadas pelas pachorrentas “solexes” e pelas melodias dos
pífaros dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sorveteiros</i>, que de
balalaica e calções brancos, e em carrinhos a pedal, com feitio de proa de
caravela, pintados, não sei se de azul se de verde-mar, embelezavam as ruas
cidade e, por um angolar, anunciavam – juro, juro com Deus – os melhores <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sorvete</i>s do mundo! Os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sorvetes</i> Caravela.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicJ0dQYi2lJvwc-iuyNGmc0E0SwZkgsSM5S-JHn2zhwoRQJBKuKe8pgPyegOLBwDsc2nMkoL3XYi2pBS-uyeOE5jWpz_8Z_X82ybeBrrssrzLMspSuVMdNqSSbAbIvQ7HZeqw79Q/s1600/BENGUELA+PRAIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicJ0dQYi2lJvwc-iuyNGmc0E0SwZkgsSM5S-JHn2zhwoRQJBKuKe8pgPyegOLBwDsc2nMkoL3XYi2pBS-uyeOE5jWpz_8Z_X82ybeBrrssrzLMspSuVMdNqSSbAbIvQ7HZeqw79Q/s640/BENGUELA+PRAIA.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: medium;"></span></span><br />
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: medium;">Esmagados! Com a grandiosidade do cinema Monumental – o enquadramento do espaço e a arquitectura do Cine-
Esplanada-Kalunga só anos mais tarde nos viriam a surpreender – e assombrados,
imagine-se, com o conforto e o plano inclinado da Plateia e do Balcão que nos
deixavam ver, sem ter de esticar o pescoço, como nos acontecia no raso <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: medium;">e plano cinema do Cubal, as proezas do John
Waine, do Gary Cooper ou as pernas da Sofia Loren…<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: medium;"><span style="color: #b45f06;">Eu sei lá! Tudo ou quase tudo, era novidade para
nós!<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">E os “reclames” luminosos de
néon? Estávamos fascinados com tantas luzes e tantas cores vivas que se
acendiam e se apagavam e que davam à cidade um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">glamour</i> próprio das cidades americanas que víamos no cinema como
Los Angeles ou Las Vegas. O mais bonito deles todos era o espectacular espadarte da EPAL,
logo no início de quem descia a Rua da Estação, no cruzamento da 5 de Outubro.
Ora azul, ora branco, para logo a seguir ficar encarnado e depois voltar ao
azul e ao branco, e assim sucessivamente pela noite fora! E a montra iluminada da
luminosa e moderna Casa Branca? Era um encanto ver todos aqueles manequins vestidos a preceito. As noivas e os noivos. Os últimos "gritos" da moda eram por lá, por aquela montra, que passavam! E a velhinha Casa Africana? Mais clássica, ostentava os bons tecidos<span style="mso-tab-count: 1;"> de fazenda para fatos e bons sapatos para Homem e Senhora.</span></span></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfoMHUD-y3Hm2IqVD3YicbtHNWIjYJiAo1utPk04l8Eg3cUnvxF3xg0hNwLm-5rBjEpVWCd04oJs_dSRL8RduMNtV1-Bkz0Bntv1y-1q8n6Qhi4YmkurAhDyQ95bscSSCKlRDsAA/s1600/casa+africana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfoMHUD-y3Hm2IqVD3YicbtHNWIjYJiAo1utPk04l8Eg3cUnvxF3xg0hNwLm-5rBjEpVWCd04oJs_dSRL8RduMNtV1-Bkz0Bntv1y-1q8n6Qhi4YmkurAhDyQ95bscSSCKlRDsAA/s640/casa+africana.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06; mso-tab-count: 1;"></span></span><br />
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06; mso-tab-count: 1;">Nas noites quentes, que eram quase todas, um mar de gente, "em mangas de camisa", fazia picadeiro por aquela avenida iluminada pelos néons. Cavaqueava, espreitava as montras, saboreava <em>sorvetes</em>. Outro mar de gente ia fazer o mesmo picadeiro para a Praia Morena, à volta do "Porta-Aviões" e do paredão da praia. Assim se entretinha a noite, aguardando-se que esta, por volta da meia-noite, já mais fresca, nos convidasse ao regresso às casas.</span></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhbJD3D4HZyAHaxqcOyMg9no9vtcAmXpZQ_Or_YDgGhee5nJ8htDfsKYJOJOTQnS-oy_cu0pbIDFXAunDdWNkdvvTqUxi62WNOt29xp8fcCRHixWhgpX_S9bK7acTO5Ukc2WgLxw/s1600/benguela_praia_2005_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhbJD3D4HZyAHaxqcOyMg9no9vtcAmXpZQ_Or_YDgGhee5nJ8htDfsKYJOJOTQnS-oy_cu0pbIDFXAunDdWNkdvvTqUxi62WNOt29xp8fcCRHixWhgpX_S9bK7acTO5Ukc2WgLxw/s640/benguela_praia_2005_3.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Estávamos encantados!<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">O deslumbramento não era fruto apenas
da tenra idade que ainda tínhamos, nove ou dez anos, e em que tudo nos maravilhava.
Havia razões bem mais fundas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Éramos, na verdade, gentios! Vínhamos do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mato</i>!... das anharas do Cubal! Sítio,
naquela época, com meia dúzia de quarteirões de casas térreas, uma estação de caminho-de-ferro,
ruas de terra batida, pouco iluminadas, um campo de futebol, dois colégios e um Chefe do Posto. Tudo nos encantava. Tudo nos deslumbrava. Tudo nos maravilhava.</span></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Bom, meus caros, (antes que eu me esqueça. ao que vinha...), vamos às historietas: </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Um dia, um daqueles
maravilhosos dias, o Antero, Antero Esteves Lima, que era daqueles tipos sempre
muito bem comportados, que nunca alinham em nada, incapaz de partir um pires
que fosse, quanto mais um prato, muito introvertido e até um pouco estranho (basta
dizer que não era do Benfica, nem do Sporting! Não tinha clube!!! Não era estranho
um miúdo não torcer por um clube?) lembrou-se de comprar, ali numas das ruas que
passavam atrás da Escola Comercial, por dois e quinhentos (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">meia-cinco</i>), julgo eu, um coco! Um coco inteiro!<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Eu e o Tozé Miranda que com
ele dividíamos o quarto, quando o vimos de coco na mão, começamos logo a desafiá-lo e a “afiar” os dentes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Ó Antero,
quando é que partes o coco, pá? <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Perguntámos-lhe, pouco crentes na sua anuência, eu e o Tozé<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Não parto nada, pá. É para
dar ao meu pai. Ele gosta muito de coco e lá no Cubal não há, pá! Respondeu, o
Antero, com aquele ar sério e desconfiado que o caracterizava. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Epá, deixa-te de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fúfias</i>! Parte lá isso, pá! Insistimos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Não parto nada. É para dar
ao meu pai. Replicava, cioso da prenda que acabara de adquirir.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Adivinhava-se no olhar do
Antero que o pai iria apreciar bastante a lembrança do filho. Até nisto o
Antero era estranho. Normalmente, naquela época, estas doces lembranças só as
tínhamos para com as nossas mães. Desconfiado, guardou-o na mala, com todo o
cuidado (não fosse o coco partir-se...) entre as camisas e os calções justos
que usava e que lhe realçavam o rabo espetado e foi-se deitar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Eu e o Tozé, naquele exacto
momento, com um simples entreolhar, traçámos, implacavelmente, o destino do
coco. Sorrateiros e</span></span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">sperámos pela noite e deixámos
o nosso amigo Antero adormecer tranquilamente. Desprendemos o mosquiteiro, não
fosse algum zeloso anophelis acordá-lo, e, pé ante pé, abeirámo-nos da mala e,
enquanto o diabo esfrega um olho, fanámos o ditoso coco! <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Nem por um segundo nos
ocorreu a enorme mágoa e raiva que iríamos provocar ao Antero. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Com o coco debaixo do braço
de um de nós, fomos para o quarto dos meus primos João e Manecas que ficava
numa outra ponta da zona dos quartos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Recordo-me
que o Tozé só dizia:<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Temos de o partir só com
uma pancada! Caso contrário, a Mariana acorda e estamos lixados! A Mariana era
a nossa professora e mãe, exactamente, do Tozé...<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">E assim foi. Com uma única
pancada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">seca</i>, o coco desfez-se em
vários pedaços. A gula era tanta que nem nos lembrámos de aproveitar previamente,
como era costume fazer-se, a aguadilha do coco que se perdeu pelas tais rachas que
serpenteavam o chão de cimento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">No dia seguinte, quando o
Antero deu conta que o coco com que esperava presentear o pai desaparecera,
ficou lívido, branco, mais branco do que a cal que cobria com frescura o Hotel Tamariz.
Percebeu logo quem tinha feito tamanha patifaria. Olhou para nós, rangeu os
dentes, como costumava fazer, mas não disse nada. Não por desprezo ou qualquer
sentimento desse tipo. Mas, percebi, por se sentir impotente. Sempre éramos
dois. E dois – eu e o Tozé – sempre disponíveis para uma cena de pancadaria! De
raiva incontida, mas incapaz de nos desafiar, fechou o punho e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">enfiou</i> um murro… na parede do quarto com a mesma força com que nos esmorraria acaso não tivesse o compreensível receio de nos enfrentar...</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">O Hotel, dizem-me, ruiu. O
Antero, não sei dele. Se regressou às origens, deve parar por terras do Fundão.
Gostava de o ver, dar-lhe um grande abraço e oferecer-lhe, quanto mais não
fosse, um café (de Angola) e um... bolinho de coco!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #b45f06;">***</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Naquele dia, era a vez de
fazermos o exame de Admissão à Escola Comercial e Industrial. Já tínhamos feito
o da admissão ao Liceu. Todos contentes, lá fomos, com o sentimento de que a
coisa iria correr bem. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Era verdade! Ou porque
estávamos bem preparados, ou porque não tínhamos ainda o sentido da
responsabilidade, ou por ambas as coisas, embora eu me incline mais para a
primeira – a professora era a D. Mariana! – o certo é que nunca pensávamos que
as coisas poderiam dar para o torto e acabar numa “raposa”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">À uma boa preparação e à uma
certa descontração, juntavam-se os Santinhos que as nossas mães, sempre muito
cuidadosas, não se esqueciam de colocar no bolsinho dos nossos casaquinhos –
que só usávamos, contrafeitos, nos dias de festa – e que nos davam aquela
sensação confortável de que Alguém, algures, zelaria por nós .<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Matabichámos</span></i><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">, como de costume, no Salão que corria toda a ampla varanda alpendrada
e de onde se espreitava o Jardim da Câmara. O chão, tal como o dos quartos, era
de cimento, mas encarnado e bem encerado, o que dava ao espaçoso Salão um ar luxuoso.
As toalhas que cobriam as mesas, bem como os guardanapos, eram de algodão,
branquinhas e com aquele cheiro agradável a lavado e à ferro engomado. Os
empregados, pretos, envergando casacos brancos, com botões de latão dourado, mas
já esbranquiçados pelo uso, serviam-nos com delicadeza, mas sem aquela humildade
a que estávamos habituados nas nossas zonas do interior. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">Era uma atmosfera que nos fazia
lembrar a do Restaurante do combóio Mala em que tínhamos viajado, com vantagens
para este que nos parecia mais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">selecto</i>
e requintado, desde logo pela forma com que éramos chamados para as refeições: um
empregado, vestido a rigor (sempre de branco), percorria as carruagens
badalando de uma forma cadenciada um pequenino sino! Parece-me ter ainda no
ouvido aquela melodia.</span><br />
<br /></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjywRNlywPKl_ENzrTeNKhZodI6M1_4H-MthqjvsFBG0aPvl3INncQHFL-Rso-4bikZyas9qEuBFFCCQGOrEezDYOAE6pIUY7lbzJIXQxUht64uxtx9hBspNFeewohiA_iVo_gwgg/s1600/CFB+CARRUAGEM+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjywRNlywPKl_ENzrTeNKhZodI6M1_4H-MthqjvsFBG0aPvl3INncQHFL-Rso-4bikZyas9qEuBFFCCQGOrEezDYOAE6pIUY7lbzJIXQxUht64uxtx9hBspNFeewohiA_iVo_gwgg/s640/CFB+CARRUAGEM+2.JPG" width="584" /></a></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Já
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">matabichados,</span></i><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> dirigimo-nos, em fila, mais ou menos indiana,
alguns ainda a comer o resto do pão-com-manteiga, para a Escola Comercial que
era ali perto. Atravessava-se o colorido jardim debruado de Acácias em flor que
havia em frente ao Tamariz e à Câmara Municipal. Percorríamos um pequeno
quarteirão de casas antigas e chãs, cruzávamos a Fausto Frazão – uma larga e
bela avenida de vivendas, relvados e elegantes palmeiras – e logo deparávamos com
a Escola Comercial. Cercava-a um gradeamento em ferro, alto e distinto.</span></span><br />
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDdNRRskocUufkmFHixrgZR3yZ8McfxRGTtWeO2FtuN3g3ghsdb1vL8qoICtOOFemBq0QJ4VQTOhiz1TmGQdahuM_QRI28fDqffFcDz-y2ua-s5LWmLbZxPk_niaKf6vrInZ3RUQ/s1600/006_Benguela+%2528cabo+submarino+II%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="406" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDdNRRskocUufkmFHixrgZR3yZ8McfxRGTtWeO2FtuN3g3ghsdb1vL8qoICtOOFemBq0QJ4VQTOhiz1TmGQdahuM_QRI28fDqffFcDz-y2ua-s5LWmLbZxPk_niaKf6vrInZ3RUQ/s640/006_Benguela+%2528cabo+submarino+II%2529.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Um pátio amplo, que se
prolongava até à umas oficinas onde se faziam os trabalhos manuais, em terra
batida e muito solarengo, recatava-a do movimento e de algum bulício daquela
longa Avenida 5 de Outubro que terminava junto da estátua do fundador da
cidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Era um belo edifício. Feito
em madeira. As tábuas dispunham-se verticalmente, em jeito de paliçada, tal
qual o gradeamento em ferro. O soalho, igualmente em madeira, assentava em
pilares de cimento com uma altura que não ultrapassava o metro. Uma escada, já
carcomida pelo uso, levava-nos a um varandim que antecedia as salas onde se realizavam as provas de que reuníamos os conhecimentos tidos por
necessários para ingressar na Escola Comercial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Antes de a subirmos, a D.
Mariana dava-nos os últimos conselhos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Não se esqueçam de fazer o
rascunho! Recomendava. Leiam bem as perguntas! Acrescentava.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">O primeiro Ponto era o de
Português e, como era da praxe, terminava com a sacramental redacção. Hoje, o
ponto, recebe o nome de Teste (influência americana) e a redacção o nome
pomposo de Composição. Mas como se tratava de redigir, o nome que se lhe dava,
e bem, era de Redacção. E a dita, naquele ano, era sobre o cão ou um outro
animal doméstico à nossa escolha. Já não sei qual foi o quadrúpede que escolhi,
mas para esta história, também, pouco importa. Feito o rascunho, passado a
limpo, estava o Ponto terminado. Não era assim tão fácil... Nisto passava-se,
julgo, hora e meia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Cá fora, no pátio, à sombra
de um tamarineiro, creio eu, que lá havia, esperava-nos a D. Mariana. À medida
que íamos saindo, auscultava as nossas impressões sobre o Ponto e recolhia os
respectivos rascunhos, com os quais haveria, mais tarde, já no hotel, de
confirmar, ou não, as nossas impressões sempre optimistas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Havia uns, como eu, que à
inevitável pergunta “como é que correu”, se resguardavam num equidistante e
pouco comprometedor “mais ou menos...”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">O último a entregar o
rascunho foi o Aníbal, o malogrado Aníbal Fernando Nunes Fernandes, meu querido
amigo, filho do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Noventa</i>, alfacinha de
gema, como gostava de dizer, natural de Alcântara e adepto orgulhoso do seu
Atlético Clube de Portugal, de quem a D. Mariana esperava uma bela Redacção –
redigia muito bem e, reconhecido por todos, era dotado de uma fértil
imaginação.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Então, Aníbal, correu bem?
Qual foi o animal que escolheste? <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">Debaixo dos óculos que usava desde que o
conhecemos – o que o tornava singular e até invejado – o Aníbal, com aqueles
olhos bem vivos, sorriu, seguro de que tinha feito melhor que os outros e,
acima de tudo, diferente, respondeu célere e convicto da façanha que cometera.<br />
<br />
<span style="font-size: small;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">– O Infante D. Henrique!<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-size: small;">
</span>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">A D. Mariana empalideceu.
Estávamos a ver que lhe dava um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fanico</i>,
coisa a que era muito atreita. Todos nos lembrámos de uma vez, quando chegava a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">roupa ao pêlo</i> ao Tozé, seu filho, lhe
acontecera o mesmo.</span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">
</span></span></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– O Infante D. Henrique?!!!
Perguntava incrédula a D. Mariana.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– O Infante D. Henrique?!!! Insistia
incrédula a D. Mariana<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;"> – Mas o Infante é um
animal?! Gritava-lhe a D. Mariana<o:p></o:p></span></span><span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 42.55pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Aníbal perdeu o sorriso e, com ele, a convicção de que fizera uma brilhante redação, e
gaguejando… balbuciava:</span></span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span>
</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Lá dizia para se escolher
o cão ou um outro animal qualquer. Eu escolhi o Infante D. Henrique...</span></span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span>
</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 42.55pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">– Mas o Infante é um animal!?
Retorquia a D. Mariana.</span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 42.55pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06; font-size: 13pt;">– Tu! Tu é que és um animal! Vociferava a D. Mariana</span></span></span></div>
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">
<span style="color: #b45f06;">
</span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 42.55pt; text-align: justify;">
</div>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> – Mas a Sôssôra não diz que os
Homens são também animais?! Lá não dizia...<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;"> – Mas dizia doméstico!
Interrompia a D. Mariana furiosa.<o:p></o:p></span></span>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– E nós não somos também animais
domésticos?! Exclamava o Aníbal.</span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span>
</span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;">– Não, não somos! Minha <em>abécula</em>! Bom, depois no Hotel conversamos.
Rematou a D. Mariana.</span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span>
</span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
Aníbal levou a mão direita à cabeça, com o seu jeito, coçou-a, antevendo o cenário que o
esperava. </span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span>
</span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas
não. A D. Mariana ao ler o rascunho logo constatou que o Aníbal, embora fugindo
claramente... ao tema, fizera uma belíssima redacção. Estava muito bem escrita
e tinha a certeza que o Júri, sábio e ponderado, como é suposto serem os júris,
não iria deixar de valorizar a qualidade da redacção, esquecendo que o Aníbal,
sem querer, chamara nomes ao mais célebre e ilustre membro da Ínclita Geração.</span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span><span style="font-size: 13pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="color: #b45f06;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
qualidade do trabalho da D. Mariana, à mistura com algumas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">orelhas de burro</i> e uns bofetões (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">só se perdiam aqueles que caíam no chão</i>...diziam os nossos
velhotes) ficou sobejamente confirmada. Muitos de nós dispensámos das orais e
todos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">passaram</i> para o 1.º ano do Liceu,
ou melhor... do Colégio Eça de Queiroz, para onde voltámos! E onde outras
histórias para contar se sucederam!<o:p></o:p></span></span>
<span style="color: #b45f06;">
<span style="font-size: small;">
</span><br />
</span></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-59318623904364510112016-02-14T00:06:00.000+00:002016-02-15T09:26:34.421+00:00Músicas do meu tempo - Amapola<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/phMP-ZX2bN0/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/phMP-ZX2bN0?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Amapola é uma canção italiana composta em 1941 pelo maestro Lacalle e que durante os anos de sucesso foi interpretada, como acontece com as grandes canções, por vários dos mais importantes cantores, quer populares, quer clássicos, como nesta versão do grande tenor Alfred Kraus de 1959. Anos mais tarde, <span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">numa </span>versão orquestral de maestro Ennio Morricone, veio a fazer parte da banda sonora de um dos melhores filmes de sempre, "Era uma vez na América", e, curiosamente, a ilustrar e enriquecer uma das mais belas cenas do filme, quando o jovem<span style="background-color: white; font-family: sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22.4px; text-align: left;"> </span><span style="background-color: white; text-align: left;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="line-height: 22.4px;">David Aaronson espreita apaixonadamente a Deborah a dançar, precisamente, este tema, em pontas, num celeiro, no meio de sacos serapilheira cheios de farinha!</span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #252525; line-height: 22.4px; text-align: left;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/CEdYzSq46Ko/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/CEdYzSq46Ko?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #252525; line-height: 22.4px; text-align: left;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: left;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Lembro-me, </span></span><span style="background-color: white; font-family: "times" , "times new roman" , serif; line-height: 22.4px; text-align: left;">com seis ou sete anos</span><span style="background-color: white; font-family: "times" , "times new roman" , serif; line-height: 22.4px; text-align: left;">,</span><span style="background-color: white; font-family: "times" , "times new roman" , serif; line-height: 22.4px; text-align: left;"> de cantarolar repetidamente o refrão da canção: "</span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; line-height: 20px; text-align: center;">Amapola, lindisima amapola/</span><span style="background-color: white; line-height: 20px; text-align: center;">No seas tan ingrate y ámame".</span><span style="background-color: white; line-height: 20px; text-align: center;"> Lembro-me das ruas por onde a cantarolava. Só muitos anos mais tarde é que "descobri" que uma amapola em português é uma papoila... (Para um Benfiquista tem um espacial significado...)</span></span></span></div>
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-9429515443162674252015-12-10T23:17:00.000+00:002016-03-31T10:49:05.872+01:00Fotos da minha vida - III (Os bichos-do-mato)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho0RudTHYqa0apj-tFRtvMB0VY6ZZhYs0hmQfvqtUpwjNJSZI4By-crKiG2gw6ewRExzqWZo_Rf1cEc8dSGdGqM3NQDwx5leyNnC3pVeUYKHtsveiyATcxfsesvBNUc2bHQP4f8g/s1600/A+camioneta+e+o+sisal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho0RudTHYqa0apj-tFRtvMB0VY6ZZhYs0hmQfvqtUpwjNJSZI4By-crKiG2gw6ewRExzqWZo_Rf1cEc8dSGdGqM3NQDwx5leyNnC3pVeUYKHtsveiyATcxfsesvBNUc2bHQP4f8g/s400/A+camioneta+e+o+sisal.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">No imaginário de muito bom português
(intelectual ou não) a vida dos colonos em África era uma vida fácil. Bastava abanar a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">árvore das patacas</i> e estas, ao
primeiro abanão, caíam aos molhos no regaço dos colonos, como as mangas caíam de maduras (e aos montes) no chão. De acordo com essa "visão histórica" a preto e branco, que ainda prevalece (e prevalecerá</span><span style="color: #b45f06;">, assim o obriga o politicamente correcto onde estamos atolados), além de fácil, era uma vida de exploração crua e nua dos colonizados. Mas a realidade não era bem essa. Em África, a vida dos colonos era dura e
arriscada (e dos colonizados também, claro). Eram difíceis as condições de vida. Para quem vivia longe das pequenas cidades, mais árdua era a luta pela vida
que, ao fim e ao cabo, é o fado a que os comuns dos mortais, para muito longe que
tentem fugir em busca de uma vida melhor (como fizeram os colonos), não logram escapar. A vida dos colonos portugueses pelo Além-Mar, não deixou de ser, como a de muitos outros por esse mundo (a dos emigrantes portugueses, por exemplo), uma verdadeira luta pela vida. Como sempre, é assim a vida, uns ganharam-na. Muitos perderam-na.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span>
<span style="color: #b45f06;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Em África, quem se dirigia à
cidade não dizia que vinha de um pequeno lugar, dizia que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vinha do mato</i>, porque a expressão <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vir do mato</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser do mato</i> traduzia melhor a lonjura e o isolamento de onde se vinha. E os que se afeiçoavam a este modo de vida, e só muito raramente
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">desciam</i> à localidade mais próxima, eram os chamados <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bichos-do-mato</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">
Esta ponte, como tantas outras, é bem o retrato do grande isolamento e dos riscos em que se vivia no <em>mato</em>. Eram pontes como esta, de
troncos, que separavam (pela sua eloquente fragilidade) e uniam (como único e obrigatório ponto de passagem)
a vida no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mato</i> e a vida nas pequenas
povoações. Lembro-me bem desta. Era arrepiante atravessá-la (hoje é ainda assustador
olhá-la). Tudo rangia: as molas da Bedford (que "pegava" à manivela), os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pilares</i> da ponte, a carga de sisal, a
carroçaria. Tudo abanava. O ajudante, em cima da carga, segurava-se ao
barbante que amarrava o fardo, como um boieiro ao cavalo num rodeio. O
camionista tinha que saber <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apontar</i> bem a camioneta às
tábuas da ponte que serviam de trilho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Como se pode constatar pela foto. naquele dia não chovia.
Imaginem, agora, atravessá-la debaixo de uma daquelas "torrenciais chuvadas” africanas! Era uma aventura.<o:p></o:p></span><span style="color: #b45f06;"> </span><span style="color: #b45f06;">Era um risco de vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Não era fácil a vida dos colonos.
E a dos colonizados também. E foram eles os colonos (e, claro, claro, os colonizados também) que, deste modo, construíram a hoje tão cantada lusofonia com que os bem pensantes enchem a boca esquecendo-se que foram os colonos, tão detractados pelas suas próprias bocas, que ao longo de séculos criaram os laços que unem hoje os povos da lusofonia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-WaPCtNRW9HJ345WdyzSuBpY3HNnO6VehtYkI1fwIREGpnNaT8kQ-gkIaUgJlLpruOVjBZFiHWwCSNKzxl1jCWyyEZ-2aAK-8x9hl4zq0lsn3JL-8rICVsXMNtEOFwlrciwFHjg/s1600/Cubal-333.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-WaPCtNRW9HJ345WdyzSuBpY3HNnO6VehtYkI1fwIREGpnNaT8kQ-gkIaUgJlLpruOVjBZFiHWwCSNKzxl1jCWyyEZ-2aAK-8x9hl4zq0lsn3JL-8rICVsXMNtEOFwlrciwFHjg/s400/Cubal-333.jpg" width="326" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-80259846173990146642015-12-04T22:38:00.000+00:002016-02-09T23:33:43.507+00:00Fotos da minha vida - II (Nós, os Mendes e o Quendo)<div align="center">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGE50Yck9jD8nHZHwhbwY_80TIKBIP6yyfg-iqiUD5mmx6b1q8xQqAj8OjHyB055aUzXF_Hku-2iG3PsAaDNRg5yLCcnr3YxWHHoKpjCckykGn6haVzXHAVARBotGUj-9L3kETeQ/s1600/B59.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGE50Yck9jD8nHZHwhbwY_80TIKBIP6yyfg-iqiUD5mmx6b1q8xQqAj8OjHyB055aUzXF_Hku-2iG3PsAaDNRg5yLCcnr3YxWHHoKpjCckykGn6haVzXHAVARBotGUj-9L3kETeQ/s640/B59.JPG" width="376" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Das fotos da minha
infância, esta tem a minha clara predilecção. Vivíamos no mato. No Quendo. Um
aglomerado populacional composto por... duas casas! A nossa e a dos Mendes. Ao
todo, éramos nove almas que ali vivíamos. Felizes. Longe da “civilização” mais próxima que era o Cubal. Na nossa camioneta, que "pegava" ainda à manivela, demorávamos, no tempo seco do cacimbo, mais de meio dia de viagem e um ou dois no tempo das chuvas, para chegarmos à tal "civilização"</span><span style="color: #b45f06;">. Os nossos pais lutavam pela vida, </span><span style="color: #b45f06;">ali, naquele lugarejo,</span><span style="color: #b45f06;"> </span><span style="color: #b45f06;"> e nós, pequenotes, saboreávamos a doçura da
meninice, das mangas e das goiabas. Esfalfávamo-nos em loucas corridas de arcos
de bicicleta e em felinas subidas aos galhos das árvores em busca dos bem escondidos ninhos dos passarinhos ou em mergulhos
arriscados no rio.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">
O rio era o Catumbela, que, muitos quilómetros mais adiante, iria desaguar no Atlântico, junto à cidade do Lobito. No tempo das
cheias as suas águas turbulentas e barrentas passavam quase à beira das nossas casas. E era ali, naquela margem, </span><span style="color: #b45f06;">quando o rio ia mais calmo,</span><span style="color: #b45f06;"> que as duas famílias se juntavam em refrescantes e agradáveis piqueniques. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">A</span><span style="color: #b45f06;"> fotografia terá perto de 60
anos e tem – o que é raro em fotos – dois focos:
os que olham para a câmara (o meu pai, sentado, o Sr. Corona, o Sr. Mendes,
a D. Joselinda, a minha prima Maria e o homem mais alto de quem não me lembro o
nome) e os que centram a atenção na minha tentativa de arranjar um
lugarzinho na fotografia e para a posteridade: a minha mãe, a minha irmã (de laçarote) e a Matilde
que me ajuda a equilibrar e foi quem me ensinou as primeiras letras (a minha 1ª
classe foi doméstica). E há um, de boné, que, embora esteja no centro geométrico da
foto, passa ao lado de toda esta acção. Estava longe dali, talvez na serra para
onde olhava. Estava, como hoje se diria, “na dele”, o Zeca (irmão mais novo da Matilde e da Isaura) – o meu companheiro e amigo das corridas com arcos de bicicleta. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Bons velhos tempos!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-88056100383104884212015-12-02T17:48:00.000+00:002016-02-09T23:32:10.753+00:00As fotos da minha vida - I (O Mousinho)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxm8ZYBaylX8bE-GYafUalBKCT1crPZlvkplPT8ci1ISWnd9J32tbJdggoPkC-3hbcWZwQwNR_WZxqzR6kWi1QtdCvkF_hKYQBUyhapw7YdLmeTsYqndw8Ph_zV2xD2l-l3C1eQ/s1600/Mouzinho-02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNxm8ZYBaylX8bE-GYafUalBKCT1crPZlvkplPT8ci1ISWnd9J32tbJdggoPkC-3hbcWZwQwNR_WZxqzR6kWi1QtdCvkF_hKYQBUyhapw7YdLmeTsYqndw8Ph_zV2xD2l-l3C1eQ/s400/Mouzinho-02.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Num chuvoso dia de Abril, nos idos de 1953, depois de uma longa viagem numa camioneta da companhia Cabanelas, que, ida de Vila-Real, percorrera temerosamente o serpentado de terra batida da serra do Marão e atravessara o rio Douro em direcção à capital do então Império, a minha mãe, nesse mesmo dia ainda, subia a custo, com a minha irmã ao colo e comigo pela mão, as já gastas escadas de portaló do velhinho paquete "Mousinho" que, curiosamente, fazia a sua última viagem de ida-e-volta pelos mares. O destino era a moderna e laboriosa cidade do Lobito onde o meu pai, ali desembarcado um ano antes, já tisnado pelo Sol de África, nos aguardaria. Tinha dois anos e três meses. A minha irmã um ano.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Foi com uma particular emoção que há uns tempos descobri (a "web" tem esta virtualidade) esta foto do Mousinho e um pouco da sua história à qual o destino me ligou. Construído na Alemanha, de bandeira brasileira, recebeu o nome de Corcovado e mais tarde Maria Christina. Veio a ser adquirido, em 1932, pela Companhia Colonial de Navegação, sendo baptizado, e assim acabou os seus dias, com o nome de Mousinho.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Como é de calcular não tenho qualquer memória desta primeira viagem marítima</span>. </div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-52833470505554103922015-11-22T14:30:00.000+00:002015-12-01T17:31:54.515+00:00A diferença não está só na cor das gravatas...<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv_kbC33eXFHscn072Xfag2uTYqeKOBoBtSnKHFp6jutgNLCBvSJT4gkmzXOQO_6cixjtnRbkXsGEyGoBDY1qZ6o_Ac3K11DCqrgax0mHW70OkWsCeRfpOL7FDWx0dwrEuQK93yA/s1600/RV_JJ.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv_kbC33eXFHscn072Xfag2uTYqeKOBoBtSnKHFp6jutgNLCBvSJT4gkmzXOQO_6cixjtnRbkXsGEyGoBDY1qZ6o_Ac3K11DCqrgax0mHW70OkWsCeRfpOL7FDWx0dwrEuQK93yA/s400/RV_JJ.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #e69138;"><span style="color: #b45f06;">Ontem, ao ver a triste
exibição, embora empenhada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">deste</i> meu actual
Benfica diante do nosso eterno rival, lembrei-me de uma <span style="color: #b45f06;">expressão</span> da minha saudosa
e arguta professora de muitos anos – D. Cecília. Quando se apercebia – e como lhe era
tão fácil dar conta! – que um aluno se apresentava com uma qualquer “matéria” mal alinhavada, estudada por alto, decorada, mas mal assimilada, atirava-lhe de imediato:
“tens tudo isso colado com cuspe”. Ora, assim me parecem os processos de jogo do
Benfica de Rui Vitória. Colados com cuspe. Mal assimilados. Mal trabalhados. A olho nu,
vê-se que ali não há consistência, não há organização táctica e não há uma “ideia
de jogo”. Tanto está no jogo bem, como logo a seguir desparece por completo. A qualidade do jogo, quando a há, não emerge do trabalho que se fez durante a semana, mas
da inspiração e do entendimento que dois ou três jogadores possam em dado
momento do jogo ter ou não ter. Isso é nítido. A equipa está mal trabalhada. Na semana passada, melhor do que ninguém, e sem, de certeza, o querer, Jardel, ao jornal “A Bola” , resumia assim o que acabei de dizer: «<b>Rui Vitória</b> deixa-nos muito <b>mais à vontade</b>». E os jogadores, gratos, vá lá, pagam esse estarem "à vontade" com empenho que, sem dúvida, têm mostrado. Mas tão só. Pois é. Estão
vontadinha e entregues à inspiração de cada um. Há uma exasperante falta de liderança. Por uma
simples razão: Rui Vitória não é um líder. Ponto.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #e69138;"><span style="color: #b45f06;">Imaginem que as declarações que a seguir vou transcrever não teriam sido ditas por quem provocatóriamente as proferiu – e que causaram grande celeuma – mas que teriam sido enunciadas por um dos muitos comentadores desportivos: «Com o tempo as rotinas vão
acabando. O cérebro daquilo não está lá, o treino não é o mesmo…». Desde logo, não teriam causado polémica nenhuma porque não configuravam um auto-elogio arrogante, a que nós, portugueses, somos avessos e que só o desculpamos em José Mourinho (enquanto ganhar...). O que é que ressaltava hoje daquelas palavras? Que tinham sido uma
antevisão premonitória e certeira do que é hoje o Benfica. Na altura, provocatoriamente e com uma arrogância que não lhe concedemos,
Jorge Jesus estava a ficcionar o filme do que se iria
passar com o Benfica sem ele. Agora estamos a ver o filme transporto para a realidade. E é um pesadelo.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
Jorge Jesus acertou em cheio. Na "mouche". E, assim, sem o "cérebro", vão três: a Supertaça, a Taça de Portugal e três na Luz... É o <em>tri. </em>Não o que queríamos, mas o que não desejávamos...</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="color: #b45f06;"><span style="color: #b45f06;"><span style="color: #e69138;"><span style="color: #b45f06;">Dizem algumas vozes que falta
talento e soluções ao Benfica. Que perdeu qualidade. Que Filipe Vieira não deu ao Rui Vitória o que magnanicamente ofereceu ao Jorge Jesus. Que o Sporting, e essa</span> <span style="color: #b45f06;">é a grande diferença para o Benfica,
possui um bom e forte meio-campo. E
dizem-no como se o presidente do Sporting tivesse adquirido no início da época um novo meio-campo e oferecido a Jorge Jesus.
Dizem essas mesmas vozes que o problema do Benfica está, ao contrário do rival,
exactamente no meio-campo. Qua falta alguém, um “play-maker”, ali no miolo. Mas repare-se: o
meio-campo do Sporting (Adrien, William e João Mário e todos com origem na formação...) já lá estava no ano passado! Não há ninguém novo! Quanto ao Benfica, qual era o meio-campo no anao passado? Samaris, Talisca e Pizzi. Por onde </span></span><span style="color: #e69138;"><span style="color: #b45f06;">é que andam? Não é que estão lá todos, todos! Qual é então a grande diferença entre o miolo do Benfica, hoje, e o miolo do Sporting,
hoje? A grande diferença – julgo que estará na cabeça de todos (daqueles que não se recusam a ver) – chama-se Jorge Jesus, o “cérebro”! Esse mesmo que,
sabendo bem o que vale, narcisicamente, assim se autointitulou. Esse mesmo que, expressando-se nem sempre em bom português, passa magistralmente a mensagem. que pretende. Mobiliza jogadores e adeptos. Dá corpo e alma às equipas que orienta. Esse mesmo, que
é um líder nato, um incansável profissional e que, reconheçamos com a humildade
que nele mingua, percebe “montes” de futebol. Esse mesmo de quem os comentadores e "intelectuais" do futebol não gostam. Esse mesmo que o Benfica amadureceu ao longo de seis anos para... o oferecer de bandeja (qual passe!) ao Sporting!</span> </span></span></span></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #e69138;"><span style="color: #b45f06;">E é isto que me dói.</span> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p> </o:p></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-47661844434750049942015-11-14T19:40:00.000+00:002016-02-09T23:55:56.539+00:00Paris<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Não percebo, sinceramente não percebo, que diante de um acto terrorismo desta envergadura, mesmo antes de se dar corpo à indignação, senão mesmo à revolta, que este acto ignóbil exige, a primeira preocupação de muita gente seja a de manifestar receio pela eventual suspensão do acordo de Schengen, suspensão que aliás o próprio acordo prevê em situações idênticas a esta, e que seria sempre um mal menor face ao mal maior que é o terrorismo islamita, e pelo receio de se gerarem certas pulsões islamofóbicas. Receios, aliás, que se têm mostrado injustificados, como se viu pela "reacção" ao ataque terrorista ao Hebdo, mas, receios e medos, com que os terroristas jogam e exploram com mestria e vão, assim, avançando, avançando, avançando.<br /><br />É preciso assumir definitivamente que estamos numa guerra -- que nos foi abertamente declarada -- contra a civilização das luzes e da liberdade que é a nossa, a Ocidental (que também teve as suas trevas, é bom lembrar e reconhecer). Mas é preciso assumi-la (a guerra e civilização) sem medos e sem vergonha (Glucksmann). E uma guerra não se ganha apenas com sistemas e preocupações de índole securitária, a dada altura é preciso passar à ofensiva. É este o momento. Não se pode esperar paulatinamente pelo próximo atentado. Mais, nesta guerra tem que se exigir ao Islão moderado, se o é, que mostre de que lado é que está. É muito estranho que face aos sucessivos e monstruosos atentados o Islão moderado continue em silêncio. É estranho, muito estranho, que face a tudo isto não venham em massa para a rua gritar bem alto e de uma forma autêntica, que estes actos terroristas atentam contra a humanidade e contra o seu Islão. Mas quando alguém ofende o profeta, por palavras ou caricaturas, já sabem vir para rua em massa, queimar bandeiras e mostrar a sua raiva e o seu ódio infinito. É estranho. Muito estranho.<br /><br />Estou revoltado. Muito revoltado. Com tudo isto e com a passividade de um certa intelectualidade europeia, quer de esquerda, quer de direita, que, perante os ataques criminosos à sua (e à nossa) liberdade por parte do terrorismo islâmico se agacham refugiando-se no silêncio ou, quando falam é apenas para se manifestarem receosos de um eventual islamofobismo. Mas são os mesmos que ao mais pequeno gesto ou tique da Igreja Católica menos consentâneo com a LIBERDADE, que logo colocam em maiúsculas, saltam como heróicos e fogosos combatentes da liberdade supostamente em causa. Estou revoltado. Muito. Mas sereno.</span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-64347641184304943362015-11-11T15:09:00.001+00:002016-02-11T12:14:53.450+00:0011 de Novembro<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">A propósito da independência de Angola, deixei no "</span><a href="http://blogspot.pt/2015/11/a-independencia-de-angola-e-os.html"><span style="color: #b45f06;">Duas ou três Coisas</span></a><span style="color: #b45f06;">", blog de Francisco Seixas da Costa, que foi embaixador em Angola durante os anos de 82 a 86, e mais tarde no Brasil e em Paris, o seguinte comentário:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Estava lá nessa noite. Em Luanda.
Eu e o meu grupo de amigos, estudantes universitários, todos afectos ao MPLA,
decidimos não estar presentes no local da cerimónia, na recém-denominada
praça 1º de Maio, por razões de segurança, como, aliás, o fez a esmagadora maioria da
população de Luanda que em casa ficou. Não era para menos: a cerca de 30 quilómetros de Luanda, em Kifandongo,
travava-se a mais dura das batalhas entre o exército do MPLA (as FAPLA),
apoiadas pelo exército cubano, e a FNLA de Holden Roberto alimentada pelo
exército da república do Zaire. Ouvia-se em Luanda a artilharia pesada. Não se
sabia qual o epílogo dessa batalha. Temia-se que o tenebroso Holden Roberto
pudesse entrar em Luanda. A chacina seria grande. O medo era justificado. Esse
temor levou a que a população ficasse em casa. Eu incluído. Hoje, lamento não
ter assistido a esse momento histórico. Mas é, hoje, um momento histórico que não
comemoro. <o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><span style="color: #b45f06;">Comentário do Embaixador: <em>“É minha impressão ou nestes
anteriores comentários há muito saudosismo, muito "Africa adeus"?”</em></span><br />
<span style="color: #b45f06;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #b45f06;"><o:p>Eis o que foi a minha resposta:</o:p></span><br />
<span style="color: #b45f06;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #b45f06;">
</span><span style="color: #b45f06;">Caro embaixador,</span><br />
<span style="color: #b45f06;"><o:p></o:p></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">
</span><span style="color: #b45f06;">Uma coisa é <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="color: #b45f06;">–</span> </span></span> para quem nasceu ou se
conheceu em África, como eu que fui para lá com dois anos de idade, e que lá
viveu durante muitos anos (regressei em <span style="color: #b45f06;">77) <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– </span> ter</span> saudades desses tempos que eram,
sem qualquer dúvida, “tempos coloniais”, outra coisa é ter saudades do
colonialismo. São coisas bem distintas. Haverá alguns que as terão, não o nego. Mas em muitos destes comentários, ajuízo
eu, há mais saudades dos “tempos colonias” do que do colonialismo. E é natural que assim seja. Em África ficou lá a nossa meninice, a nossa infância, as fisgas e as árvores onde caçávamos os passrinhos, os rios onde nos banhávamos e pescávamos. Ficaram lá os morros de <em>salalé, </em>os imbondeiros. Ficou lá o cheiro à terra que emergia depois da chuva. Ficaram lá todas estas memórias. E todos, incluindo os colonos, têm o direito à sua memória e à nostalgia que ela inevitavelmente, envolve. Ficaram lá também, enterrados, os nossos mortos <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– </span> é bom não esquecer <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– </span> avós, pais, tios, esposas e filhos. Para além de toda esta memória que por lá ficou sepultada <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– </span> e que não é fácil revisitá-la: não se vai a África com a mesma facilidade com que se vai a Trá-os-Montes matar saudades <span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– </span> em muitos
deles permanecerá ainda uma réstia de grande amargura porque <span style="color: #b45f06; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">“</span><em>viveram e sofreram esses
tempos, que <u>a tragédia</u> da descolonização desordenada</em> <em>foi</em>”, como bem refer o embaixador.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Melo Antunes foi, dos militares
de Abril, o mais corajoso. Fez o 25 de Abril. Fez o 25 de Novembro e nesse
mesmo dia teve a coragem de matar à nascença uma “caça às bruxas” que se adivinhava,
ao afirmar que não haveria de democracia se o PCP fosse dela excluído (e hoje,
por razões óbvias, é bom recordá-lo). E já no fim da vida, ao contrário de
outros, que juntamente com ele tiveram papel preponderante na descolonização, teve
a coragem de reconhecer que poderiam ter feito melhor descolonização. É a
humildade dos grandes.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Subscrevo inteiramente este seu
último “post”, excluindo um “senão”, mas da maior importância: “<em>a tragédia que
foi a colonização</em>”. Reduzir a colonização a uma tragédia é um grande erro de
perspectiva histórica: o Brasil é o que é hoje, cultural e lusófonamente falando, “graças”
à colonização. Sem ela o Brasil até poderia ser bem melhor, mais evoluído, mas não seria a
mesma coisa… você que o diga. As suas fronteiras são o que são hoje, “graças” à
colonização. Hoje, os brasileiros orgulham-se delas e, se for preciso,
bater-se-ão por elas, mas antes foram os colonos que as desenharam, que as defenderam e que morreram por elas. A grandeza territorial do Brasil de que os brasileiros se ufanam foi conquistada, construída e defendida com o sangue dos colonos portugueses. O mesmo se passa com as fronteiras de Angola e com as dos outros
países (excepto Cabo Verde). Se hoje há cerca de 280 milhões de falantes em
português, e é uma das línguas mais faladas no mundo, “graças” à colonização.
Hoje fala-se em lusofonia, com a qual muita gente “enche a boca”, “graças” à
colonização e…, vou ousar dizê-lo sem pejo nenhum por ser historicamente verdade, graças aos
colonos! Graças aos colonos! Se se debita, e bem, aos colonos as tragédias da
colonização, que as houve e muitas, é inteiramente justo creditar-lhes algumas
das suas boas e belas heranças.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">“Pode-se ir à Índia sem Vasco da
Gama? Talvez possa, mas para um português, não se deve. Não digo tanto “sem
Vasco da Gama”, mas “sem Goa”, sem a memória da nossa identidade que lá ficou
um pouco enterrada e está a cair aos bocados. Mas mesmo que já estivesse toda
no chão, enterrada por desprezos diversos, o lugar está lá, as almas estão lá
num canto qualquer a assombrar-nos. A história é assim: não se pode ir à Índia
com inocência absoluta, nem aliás os indianos nos responderão com inocência. A
história pesa. <i>Não é saudosismo, é respeito por nós próprios que fomos
feitos por aqueles homens que por lá andaram à espadeirada, à pimenta, na
pirataria, brutos, cruéis, gananciosos, vaidosos, crentes, santos, líricos, o
que se queira, mas nossos</i>.
Palavras escritas por Pacheco Pereira, a propósito de uma viagem de um
presidente da República à India… (em Abrupto 12/01/07)<o:p></o:p></span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-4125170407080548572015-07-08T17:13:00.001+01:002015-07-08T17:13:07.287+01:00Maria Barroso
<span style="color: #b45f06;">A propósito do desaparecimento de
Maria Barroso, deixei este comentário no </span><a href="http://duas-ou-tres.blogspot.pt/"><span style="color: #b45f06;">Duas ou Três Coisas</span></a><span style="color: #b45f06;">:</span><br />
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Senhora de grande coragem e
grande cultura. Recordo-me da primeira vez (e única) que a vi. Estávamos em
plena crise académica em Coimbra em 1969. Tempos difíceis, apesar da
"abertura marcelista". Contavam-se pelos dedos os que tinham a
coragem de publicamente manifestar solidariedade à luta dos estudantes.
Professores foram poucos: Paulo Quintela e Orlando de Carvalho. Maria Barroso,
juntamente com Tóssan, teve essa coragem. Numa das muitas assembleias gerais que
se realizaram no enorme ginásio da A.A.C., a abarrotar de "malta" (eu
pendurado num dos espaldares), esteve presente para manifestar a sua
solidariedade e a “de outros que ali não podiam estar", como referiu na
altura. Disse dois poemas com o seu timbre inconfundível e a sua irrepreensível
dicção: Nossa Senhora da Apresentação de Álvaro Feijó e <span lang="FR" style="mso-ansi-language: FR; mso-bidi-font-weight: bold;">Llanto por Ignacio
Sánchez Mejías</span>, mais conhecido por A las Cinco em Punto de la Tarde, de
Garcia-Lorca. Inolvidável. O meu pesar pela sua morte. Que descanse em paz.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-64U4N2400FZiORKu4Np2jJFdOVDX1fnXkhM2ziXgBqrJjNnw7IuPZDoCvmtQlpkA9sFKHaREU3CEbF6ozzdiunm4yRsn2fuZfwSUkRfQ0gG7hbbUL2HoWxlpRkcb2yQRtAn4rg/s1600/Maria+Barroso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-64U4N2400FZiORKu4Np2jJFdOVDX1fnXkhM2ziXgBqrJjNnw7IuPZDoCvmtQlpkA9sFKHaREU3CEbF6ozzdiunm4yRsn2fuZfwSUkRfQ0gG7hbbUL2HoWxlpRkcb2yQRtAn4rg/s400/Maria+Barroso.jpg" width="400" /></a></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-30293679198777100732015-06-24T00:17:00.000+01:002016-02-11T23:19:31.618+00:00Músicas do meu tempo<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Há um tempo que é nosso e há um
outro tempo que sendo ainda nosso já deixou de ser o nosso tempo. É por isso
que nós – os que já contamos dois tempos – dizemos com uma frequência cada vez
maior: no meu tempo… <o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #b45f06;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Desse tempo, a que chamamos “o nosso
tempo”, há coisas que nos ficaram indelevelmente gravadas para sempre. Sabores,
cheiros, imagens, pessoas, objectos, brincadeiras, palavras, livros, músicas,
marcas, filmes. E é exactamente por isso, e por estas coisas, que a esse tempo chamamos o nosso
tempo. E quando hoje, neste tempo que já não é o nosso tempo, uma dessas coisas
nos vêm à memória é como se por breves instantes – mais fugazes que breves – toda
a realidade daquela época nos envolvesse de novo. Voltamos de novo ao conforto
daquele nosso tempo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Isso acontece-me, por exemplo,
quando oiço esta Manha de Carnaval e outras músicas do meu tempo que hei-de trazer aqui: </span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/vEdVkWDFJYQ/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/vEdVkWDFJYQ?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
</div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-53951701896831233312014-01-07T23:56:00.000+00:002016-02-11T12:51:02.197+00:00A Lenda Maior - Eusébio Eusébio Eusébio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgULc_MXv66-6Qn6rx7uUJDuhXy-uokLbqEl7OtA7Ljg4JDrpvjCKBLJhQfYiwq2RQYwYQHptPtjP2o-sDl7j44OtE70_H_7QOwlr42-XZbKHeGInKUOdudcplcVdxJQPJUxLX6xw/s1600/eusebio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" closure_lm_629669="null" height="320" hua="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgULc_MXv66-6Qn6rx7uUJDuhXy-uokLbqEl7OtA7Ljg4JDrpvjCKBLJhQfYiwq2RQYwYQHptPtjP2o-sDl7j44OtE70_H_7QOwlr42-XZbKHeGInKUOdudcplcVdxJQPJUxLX6xw/s1600/eusebio.jpg" width="298" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Partiu a figura maior do Sport Lisboa e Benfica. Fica-nos a lenda. Dou-me conta que esta lenda faz parte das mais indeléveis memórias da minha infância e adolescência. Nos meus livros da escola, onde havia margens ou páginas em branco, escrevia repetidamente: Goooooooooooooolo do Eusébio! Gooooooooooooooolo do Eusébio! Não me cansava. Aqueles golos supersónicos (estávamos, então, na era dos foguetões…) chegavam a África, direitinhos à minha alma benfiquista, pelas vozes magistralmente radiofónicas do Artur Agostinho e do Amadeu José de Freitas. Eram os relatos. Épicos relatos. Nas tardes soalheiras dos Domingos o meu relvado era o Parque da Vila ou o Parque do Ferrovia (verdadeiros olimpos da minha juventude) e o rádio transístor (o mais recente “gadget” da época) o inseparável companheiro sempre bem chegado ao ouvido. Chegavam golos de todos os sítios: da Luz, da Tapadinha, de Alvalade, do Mário Duarte, do Estádio do Mar, do Vidal Pinheiro, das Antas, do Lavradio… Nos dias que se seguiam, radiante (com despreocupação própria de menino), repetia incessantemente de viva voz a caminho da Escola os golos do Eusébio. Chegado à escola, mal lograva esconder-me do olhar atento e severo da professora Mariana ou da D. Cecília inundava os livros e cadernos com os golos do Rei. Era o meu herói. Atirava ao golo com mais pontaria e destreza com que John Wayne,
de pistola na mão, acertava numa lata atirada ao ar ou, naquela derradeira
fracção de segundo, atingia mortalmente um índio felino, antes de este cravar
um punhal nas costas do desprevenido e “inocente” cara-pálida! Era certeiro. Demolidor. Tão certeiro que muitos dos seus golos, acreditem, saíam-me da garganta ainda antes de ele os “disparar”. Era temível. E temido pelos adversários. Difícil, era “placá-lo” (acredito que só um central intransponível como o meu querido amigo Zé Lemos o conseguiria fazer). Só a morte o não temeu. Mas a sua lenda venceu já, inapelavelmente, a lei implacável da morte que agora o levou, goleando-a para a eternidade.</span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-90011106292368762112012-06-13T22:00:00.002+01:002016-02-11T12:20:20.982+00:00Momentos<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">As pessoas que eu amo e as que (ainda) me amam perdoar-me-ão a troca: é ao fado, à melancolia do fado, à poesia cantada em fado (em fado menor) que eu recorro. Recorro e socorro-me. É onde me refugio quando às vezes fujo à procura de algo (será de mim?). É aí que me reencontro. É aí que sereno. E é aí que um levíssimo alento se abeira de mim (e rabisco algumas palavras comos estas). São momentos... Irrepetíveis... Fugases...</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/TQ8cF5w5Elg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-33225860795807589072011-12-08T19:44:00.002+00:002011-12-08T20:21:15.267+00:00Tardes<div><div><span style="color: #e69138;">Está fria a tarde (...).</span></div></div>msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-81024645478794639242009-04-30T16:47:00.021+01:002016-02-11T12:35:29.625+00:00Olhos nos Olhos<div align="left">
<span style="color: #cc9933;">Beijo-te, meu amor, como o amanhecer </span></div>
<div align="left">
<span style="color: #cc9933;">(lento e sem pressa)<br />Beija a luz do dia.<br />Os dedos das minhas mãos<br />Nos vértices dos teus lábios dançam.<br />A seda preta que de mim<br />O teu corpo esconde,<br />As minhas mãos desnudam.<br />E nua,<br />Com o fogo das quentes tardes africanas,<br />O teu ousado corpo beijo.</span></div>
<div align="center">
<span style="color: #996633; font-size: 85%;"></span> </div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-30137516059506206422009-04-25T04:00:00.005+01:002012-06-13T22:42:20.215+01:00Abril (e eu)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/o4AOh2cy2wc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="color: #b45f06;">Aí está de novo o 25 de Abril. E já passaram 35 anos! Foi ontem… não foi…!? "Aqui Posto de Comando das Forças Armadas…". Foi assim que começou. Foi nesse dia, assim, com aquelas palavras, que tudo começou… Que tudo começou a ser diferente. O país. As gentes do nosso país. Os países que faziam parte do nosso país. As gentes desses países. Todos. Todos passámos a ser diferentes. As pessoas. A mentalidade das pessoas. As relações entre as pessoas. Tudo e todos passaram a ser diferentes. E os que a seguir àquela data nasceram, mais diferentes ainda. </span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Para mim, não foi bem nesse dia que tudo começou… Não foi bem nesse dia que comecei a ser uma pessoa diferente do que era até ali. Foi, curiosamente, também em Abril. Num outro dia. Num outro ano. E numa outra década. Foi a 17 de Abril de 1969. Em Coimbra. Cinco antes do 25 de Abril! Estalara, então, a Crise Académica de Coimbra. (Fez agora quarenta anos). E foi nesse dia que comecei a ser uma pessoa diferente. A pensar. A pensar-me. A pensar sobre as coisas. A dar conta que mesmo "no céu cinzento/sob o astro mudo" “não há machado que corte a raiz ao pensamento”. A perceber que havia quem, de uma forma organizada e violenta, tinha por missão impedir que o pensamento que clamava por liberdade (e por tantas outras coisas) se espalhasse como "a trova do vento que passa" por todo o país. </span><span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span></div>
<span style="color: #b45f06;"><div style="text-align: justify;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Morria também nesse dia (desnecessariamente... percebi, depois, que não era necessário destruí-lo) o meu romantismo dos “verdes anos” e nascia, inevitavelmente, aquilo que chamava pomposa e ufanamente a minha consciência política. Como eu me sentia (estupidamente) bem quando pensava que aqueles que não percebiam as coisas que eu percebia, não percebiam (o que eu percebia) porque não pensavam. Porque não tinham a "tal" consciência política que eu tinha. Que eu tinha adquirido. Eu tinha consciência e eles, pobres coitados, (dizia eu para mim com um discreto, como convinha, sentimento de superioridade) não tinham. Não a tinham. Porque no dia no dia em que a tivessem, julgava eu, o país e o mundo seriam definitivamente diferentes…</span><span style="color: #b45f06;">para melhor (claro!).</span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Morria, assim, o meu romantismo dos verdes anos. Nascia, dessa maneira, a minha consciência política. E era afinal tão ingénua aquela consciência política que só mais tarde me dei conta, muito mais tarde, que, afinal, nesse dia nascera um outro romantismo. Um romantismo que, julgava eu, ia mudar o mundo. O país e o mundo. Mais ainda: que ia mudar o Homem (que tamanha ingenuidade!). Um romantismo que levado às ultimas consequências (e se assim não fosse levado, não era romantismo) se mostrava e se mostrou intolerante. Muitas vezes até violento, para quem não pensava como nós, para quem não queria mudar o mundo.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">(A propósito, lembro-me de um dia, um militar de Abril - talvez aquele a quem mais a democracia deve e aquele que mais pensava e reflectia sobre a revolução de Abril, e que teve, juntamente com outros, grandes responsabilidades no processo de descolonização - ter tido a humildade de reconhecer, a propósito exactamente da descolonização, que se podia (<strong>e se devia</strong>) ter feito muito melhor. De todo aqueles que tiveram grandes responsabilidades (para o bem e para o mal), foi o único, até hoje, que o reconheceu. Estou a falar do major Mello Antunes. Todos os outros se justificam e se refugiam nas circunstâncias históricas fazendo crer que tudo era inevitável. Nem tudo era inevitável. Nem tudo.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Ainda assim valeu a pena. Se valeu! Se valeu! Mas se tudo se repetisse haveria coisas que eu também não repetiria. Muitas coisas. Muitas coisas. E uma delas a nível muito pessoal e sentimental (Ah! Sentimental… palavra que eu e outros, estupidamente, nesses anos abandonámos por… não se coadunar com o fervor revolucionário…). E essa foi em Luanda. (Sim, meu amor, estou a falar de ti). Prestaria mais atenção aos outros e a mim próprio. Prestaria mais atenção às vozes dos outros (e, acima de tudo, à tua meu amor) e à minha voz (àquela que vem cá de dentro).</span> </div>msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-58131075504807850452009-04-23T17:07:00.000+01:002016-02-20T13:21:52.299+00:00Luminosidades<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;">Persistem os raios de sol e de luz… Hoje não fujo deles. Bebo-os como se fossem cristalinos fios de água. Fresca… Escaldante… É desta água que eu vivo!</span></div>
msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-18990403562760289302009-04-22T15:07:00.000+01:002016-02-11T12:37:52.005+00:00Luminosidades<span style="color: #b45f06;">Hoje é mais um desses dias... Apetece-me fugir dos raios de sol e da luz. Merda!</span>msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-79790067856879476192009-04-02T11:02:00.004+01:002016-02-11T12:34:01.628+00:00Para ti, meu amor<span style="color: #b45f06;">Muito.</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Muito.</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Muito.</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;">Amo-te muito.</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;">(Tanto, tanto, tanto que me não cansaria, por fim, desfalecer</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Repetindo… repetindo… repetindo…</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Amo-te muito. Muito. Muito. Muito.</span><br />
<span style="color: #b45f06;">E assim reboar… reboar...</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Como infinitamente reboam os sinos, os sinos, os sinos</span><br />
<span style="color: #b45f06;">De Allan Poe)</span><br />
<br />
<span style="color: #b45f06; font-size: 85%;">Lisboa, 29 e 30 Março</span>msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35989492.post-91466806500827153002009-03-06T15:16:00.004+00:002016-02-11T12:49:00.742+00:00Um poema com amor <span style="color: #b45f06;">Eras o rumor das ondas do mar</span><br />
<span style="color: #b45f06;">E eu não o ouvia</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Eras o verde vento que mal soprava</span><br />
<span style="color: #b45f06;">E eu não o presentia</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Eras o verde quieto das árvores</span><br />
<span style="color: #b45f06;">E eu não o via</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;">E o azul que se estendia do cimo daquela escarpa</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Era o azul do céu que à tarde se incendiava</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06;">Eram as cores da íris dos teus olhos…</span><br />
<span style="color: #b45f06;">Eras tu e a tua quietude que vinha lá longe</span><br />
<span style="color: #b45f06;">E eu não te via</span><br />
<span style="color: #b45f06;"></span><br />
<span style="color: #b45f06; font-size: 78%;">Lisboa, 5/6 de Março</span>msampayohttp://www.blogger.com/profile/07249470835659700636noreply@blogger.com0