Nunca ninguém o conseguiu contactar para aparecer no Encontro (dos antigos estudantes do Cubal). No nosso Encontro. Ninguém sabia o seu paradeiro. Todos os anos se fazia um esforço para o contactar. Mas, nada. Dizia-se que andava pelo Barreiro. E eis que ontem, já ao cair do pano, abruptamente, em vez dele, é anunciada a sua morte. Em Gouveia. Não quis acreditar. Em vez de sinais de vida que há muito procurávamos, é a morte dele que se apresenta. Mais valia estar quieta. Quietinha. Ninguém a chamou! Porra!
Tinha aparecido no Cubal já nos anos sessenta, vindo da Metrópole, do Puto, das berchas. (era assim que na nossa linguagem nos referíamos a Portugal). Tímido, ingénuo, mas destemido - alías, guarda-redes não podia ser de outra maneira. Quando lhe deram os kedes (hoje ténis) para calçar e jogar pela Associação Académica do Cubal, chamou-lhes – muito apropriadamente – sapatilhas. Azar dele. Ficou para sempre "o Sapatilhas". Nunca mais se livrou do nome.
Até sempre Sapatilhas. Até sempre.
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