Há um tempo que é nosso e há um
outro tempo que sendo ainda nosso já deixou de ser o nosso tempo. É por isso
que nós – os que já contamos dois tempos – dizemos com uma frequência cada vez
maior: no meu tempo…
Desse tempo, a que chamamos “o nosso
tempo”, há coisas que nos ficaram indelevelmente gravadas para sempre. Sabores,
cheiros, imagens, pessoas, objectos, brincadeiras, palavras, livros, músicas,
marcas, filmes. E é exactamente por isso, e por estas coisas, que a esse tempo chamamos o nosso
tempo. E quando hoje, neste tempo que já não é o nosso tempo, uma dessas coisas
nos vêm à memória é como se por breves instantes – mais fugazes que breves – toda
a realidade daquela época nos envolvesse de novo. Voltamos de novo ao conforto
daquele nosso tempo.
Isso acontece-me, por exemplo,
quando oiço esta Manha de Carnaval e outras músicas do meu tempo que hei-de trazer aqui: