Receita para um cocktail

Fere-se de morte
o poema antigo
que em cíclicas ondas
a alma nos avela,

Recolhe-se uma taça rasa
da quente e cálida sangria,

Dissolve-se uma mão cheia
de leve, leve, melancolia.

Agita-se (com gesto e jeito de escanção).

Dá-se-lhe um cheirinho
a maresia.
(Apenas um cheirinho,
não mais que um cheirinho
que a maresia crava-se na alma).

Um travo de wisky
de puro malte,
dois ou três cubos de gelo
(p'a esfriar toda esta agitação)

e pronto…

Leva-se à boca
em repetidos e amenos versos,
à mistura com pianíssimas notas de Chopin
(de preferência os nocturnos 1 e 3)

2 comentários:

CORVO disse...

Absolutamente maravilhoso.
Até eu que não gosto de cokctails, queria muito beber um desses.
Um grande abraço
GED

Anónimo disse...

Como palavras simples se transforme um coktail, numa obra de arte poética, nada lhe falta , só conseguir o impossivel "prová-lo"

Parabens o blog cada dia me surpeende , mais.

Violeta