Imperdível

a exposição "Diálogos de Vanguarda" de Amadeo de Souza-Cardoso na Gulbenkian, encimada por este pensamento dele próprio:

"Ninguém deixa de fazer uma obra de arte intensa por falta de técnica, mais por falta de outra coisa que se chama temperamento"

retirado de uma carta (vale a pena lê-la) que escreveu ao seu tio Francisco.

Sou leigo em matéria de pintura. Mas, para mim, nesta arte, ao contrário do que se passa com a gastronomia..., embora aqui também tenham papel decisivo, são fundamentalmente os olhos que comem. Há quadros (de todas as correntes estéticas) que os meus olhos gostam e neles ficam pregados sem eu saber explicar porquê e há outros que os meus olhos se desviam até com algum desdém sem eu, igualmente, saber explicar porquê. Também não me preocupo em procurar razões, nomeadamente no segundo caso.
Já conhecia alguns quadros que pertencem ao CAM da Gulbenkian: a Procissão Corpus Christi (é um dos meus preferidos), os Barcos e a Cozinha da Casa de Manhufe (que pertence à minha colecção particular... virtual) entre outros.


A Cozinha de Manhufe



É espantoso. As primeiras pinturas de Amadeo datam de 1908 - antes ficara-se pelo desenho e caricatura - e morre em 1918, sem completar os 31 anos. E em dez anos, navegando por diversas estéticas, produziu uma intensa e vastíssima obra. Bem se podia acrescentar ao seu pensamento que também não é por falta de tempo que ninguém deixa de fazer uma obra de arte intensa... Mas também se pode perguntar (exclamando) que dimensão teria atingido a sua obra se por ventura tivesse vivido mais tempo.

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